14/12/2009

Macário

Ontem, em vez de estudar (pois é), me peguei folheando um livro que já li muitas vezes, e que sempre me faz pensar... então resolvi postar um trechinho dele:

"É uma cousa singular esta vida. Sabes que às vezes eu quereria ser uma daquelas estrelas para ver de camarote essa Comédia que se chama o Universo? essa Comédia onde tudo que há mais estúpido é o homem que se crê um espertalhão? Vês aquele boi que rumina ali deitado sonolento na relva? Talvez seja um filósofo profundo que se ri de nós. A filosofia humana é uma vaidade. Eis aí, nós vivemos lado a lado, o homem dorme noite a noite com uma mulher: bebe, come, ama com ela, conhece todos os sinais de seu corpo, todos os contornos de suas formas, sabe todos os 'ais' que ela murmura nas agonias do amor, todos os sonhos de pureza que ela sonha de noite e todas as palavras obscenas que lhe escapam de dia... Pois bem - a esse homem que deitou-se mancebo com essa mulher ainda virgem, que a viu em todas as fases, em todos os seus crepúsculos, e acordou um dia com ela ambos velhos e impotentes, a esse homem, perguntai-lhe o que é essa mulher, ele não saberá dizê-lo! Ter volvido e revolvido um livro a ponto de manchar-lhe e romper-lhe as folhas, e não entendê-lo! Eis o que é a filosofia do homem! Há cinco mil anos que ele se abisma em si, e pergunta-se quem é, donde veio, onde vai, e o que tem mais juízo é aquele que moribundo crê que ignora!"


(Trecho de "Macário", de Álvares de Azevedo)


ps: Meio idiota esse negócio de ler várias vezes a mesma coisa, não? Eu devia ler coisas novas... aceito sugestões ;)

19/10/2009

Tirinha

Outro dia um amigo me recomendou uma certa tirinha no site Capinaremos. Achei a idéia muito boa, mas achei que a tirinha em si ficou "bem-feita" demais. Então resolvi fazer uma releitura baseada no estido de Cyanide & Happiness, usando o bom e velho PAINT!


(clique na tirinha para vê-la maior)


16/10/2009

Flamenco




Contrariando minha tendência de postar coisas inúteis, resolvi começar o blog com um post que adicione um pouco de cultura aos possíveis leitores que passem por aqui.


Há uns dois meses comecei a fazer aulas de flamenco no Centro Espanhol do Paraná, por incentivo da minha amiga Erika. Quando contei pro pessoal, muitos disseram "flamengo?", "flamingo?", e não faziam idéia do que era! Aí achei que seria útil escrever um pouquinho sobre o que ele é, como surgiu, blá blá blá (de forma bem sucinta, para que não fique chato).


Pois bem: o Flamenco é um estilo musical que, com o passar dos anos, foi evoluindo de apenas canto para canto acompanhado de palmas, guitarra e, mais tarde, a dança. Ele surgiu na Espanha, a partir da mistura das culturas de ciganos, mouros e judeus, e até hoje é um grande símbolo da cultura espanhola. Não se tem muitos detalhes disso, porque a inquisição espanhola perseguiu essas três etnias (pois é...), e também porque ciganos passam seus costumes oralmente - muito se perde de uma geração para a outra.


A dança flamenca é muito marcante, vigorosa; a bailarina geralmente usa roupas com muita cor e muitas camadas, gerando grande movimento. Os sapatos, com pequenas placas de metal, fazem um som forte e agradável ao serem batidos no tablado de madeira. Os dedos e as mãos mexem-se muito, tanto sozinhos quanto acompanhados de leques ou castanholas.


Essas coisas eu descobri fazendo um trabalho pedido por uma professora de espanhol. Para fazê-lo, eu, minha amiga Carmem e minha mãe fizemos uma
aula experimental num instituto de flamenco aqui em Curitiba, e foi aí que me deu vontade de não parar mais. Assim como qualquer brasileiro(a), sou uma mistureba de vários povos diferentes, e às vezes me sinto mais italiana, mais alemã, mais porra nenhuma... e tem dias que realmente me sinto mais latina, com uma inexplicável energia caliente dentro de mim. O flamenco é uma boa forma de extravasar essa energia, e mais ainda: serve para aprender a erguer a cabeça e bater o pé no chão.